Sol em Londres

Tuesday, March 22, 2005

Scoring High

Eias!

Bem, cada vez com menos tempo para escrever, menos tempo para fazer as coisas que realmente quero e muito tempo passado a trabalhar. Muito tempo mesmo... acho que é aquilo a que chamam vida a sério. Lembro-me de há uns dias estar a tentar combinar um almoço com o Frederico (um amigo tuga de cá) e dele me dizer que não podia, "terça-feira é non-stop, só tenho tempo para uma sandes rápida e depois de volta ao laboratório" e de me por a pensar, este gajo é doido! Só tem tempo para uma sandes? E que é feito do almoço como deve ser? Pois é, por aqui o pessoal pensa mesmo no trabalho muito a sério, hoje até me cruzei com uma gaja na rua que ia a ler um livro enquanto andava! No autocarro e no metro é normal, mas enquanto anda pela rua??? Não deve dar jeito nenhum, além de as letras andarem aos saltos cá de uma maneira que obrigam a usar óculos fundo de garrafa (mais cedo ou mais tarde, até porque esta rapariga não os tinha... ainda!). E em relação ao metro.... bem, gente em pé com uma mão a agarrar uma das barras de apoio (para não cairem) e a outra a agarrar o jornal (também para não cair) e a lerem, também não faltam. Não devem ter tempo para isso noutra altura, uma beca stressados... Voltando ao assunto do almoço, referi o "almoço" com o Frederico porque ontem tive 25 minutos para ir ao supermercado comprar uma sandes, comê-la e voltar a tempo de apanhar a centrifugação no fim. Estarei a tornar-me londrino? Workaholic? Nope, no mesmo dia deixei a minha colega de laboratório a acabar o meu trabalho para eu ter tempo de ir ao ginásio para uma sessão de "circuit tranning" (para quem sabe, compreende o sofrimento e a necessidade de lá voltar todas as semanas, para quem não sabe, é uma espécie de treino estilo tropa, durante hora e meia sem qualquer paragem... é duro... muito duro!), eheh. Ela não se importou, o pior foi mesmo dar de caras com ela na rua, quando me vinha embora do ginásio, passadas 2 horas, e ela vir-se embora do laboratório na mesma altura. ooops! enfim, mostra que apesar de tudo, ainda sou capaz de ser bastante tuga :) Hoje foi mais um dia de sessões laboratoriais sem parar, parece que será a minha sina nos próximos tempos.
Voltando ao laboratório, o ambiente que se vive por lá é bastante fixe. O meu orientador é um cabeça no ar, sempre divertido e a contar piadas e com um bom sentido de humor (isto é, ri-se das minhas piadas, o que é sempre fixe, não vá eu ficar pendurado). Depois há a tal "colega de laboratório", uma rapariga italiana que caíu em Londres sem saber falar bem inglês (percebe metade do que eu digo e 5% do que o nosso orientador diz), de tal maneira que sempre que o orientador fala ela fica a olhar para mim, à espera da tradução. Sim, o facto de saber falar italiano ajuda, ou seja, ando a praticar à grande traduzindo-lhe montes de cenas enquanto ela vai tentando aprender a falar inglês. Basicamente, ando à grande pelo laboratório, sou o maior! E ainda mais quando ontem arranjei uma máquina de café topo de gama para o nosso laboratório. Já explico. A necessidade de café mantém-se. No fundo é mais uma necessidade daquela pausa após uma refeição, a conversa, o espreguiçar-me para trás na cadeira, levar aos lábios um pouco de café quente, o acender do cigarro e esperar que chegue ao fim [remark: não fumo! estou só a descrever uma situação - isto é mais dirigido ao meu irmão e família, conservadores por excelência], o antecipar do trabalho e ganhar energias para me levantar da cadeira. Como na sua maioria, o pessoal que anda por cá é movido a trabalho, não precisam disso, então não existem máquinas de café, nem sequer de filtro. Não existe cultura do café, poucos são os que apreciam, poucos sabem o que estão a beber e ver pessoal a andar por aí com um copo de cartão com um "cappuccino" lá dentro também são aos pontapés. E exibem todos um ar sorridente por passearem o seu copo "Starbucks" pela capital da Europa. Ou então, estão mesmo só com pressa para chegar ao trabalho. Eu preciso da minha pausa para continuar a ser produtivo! Então lá desencatei uma máquina de filtro velha e por processos que agora não vou descrever por serem muito complicados e exaustivos (envolvem a secretária do departamento, charme português e muita lábia) transformei-a numa máquina da Siemens topo de gama (com "Design by Porsche"! yep, é verdade, é pena é não ser uma máquina de espressos, onde os cafés sairiam a 300 à hora), que pertencia ao Director do Deparmento. Então foi ver a cara do pessoal do laboratório e dos anexos a verem-me chegar com o meu troféu ;)
Bem, já ando a marcar muitos pontos... É pena é não poder contar tudo o que me acontece num blog de livre acesso...

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