Já alguma vez telefonaram para um qualquer serviço de atendimento a clientes de uma das nossas operadoras de telemóveis? Decerto que sim. Neste momento acabei de falar com uma telefonista e estou furioso. Que raiva! Ainda poderão pensar que estou chateado com o serviço, que não puderam atender a todas as minhas imposições e quereres, mas trata-se exactamente disso: foram impecáveis. O problema é que qualquer telefonista é sempre demasiado cordial, simpática, politicamente correcta. A conversa é sempre a mesma coisa, um boa tarde (ou dia ou noite ou seja lá o que for) de ambas as partes e de seguida pedem-nos o número de telemóvel. Perguntam-nos com quem têm o prazer de estar a falar ao que nós confirmamos o nome que lhes aparece no monitor do computador. Depois vem a parte “gira”: “Muito boa tarde senhor Nuno. Como tem passado?” Ahhhh!!!!! Que raiva! Havia necessidade dessa mariquice numa altura em que já se trocaram as cordiais saudações? E depois é toda aquela conversa em que nos tratam como se fossemos reis e senhores do mundo e toda a gente nos devesse vassalagem oral! Parecem uns autênticos lambe-cús. É claro que a culpa não é dos telefonistas mas sim daqueles que lhes dão formação e daqueles engravatados que à volta de uma mesa de reunião, enquanto atiravam avioezinhos de papel uns aos outros, decidiram que nós, os clientes, somos a sua razão de viver (somos nós que lhes pagamos os abastados salários) e que por isso devemos ser tratados como um condenado no seu último dia de vida.
Cheguei a dizer piadas, daquelas bocas divertidas que podem arrancar uma gargalhada a qualquer um, ou pelo menos um sorriso. Do outro lado percebi um esforço para não se rir, conseguido pela repetição amorfa daquilo que tinha dito seguido de uma pausa. O efeito conseguido foi a minha mudança repentina de humor! Como cliente ao dizer uma piada, por mais foleira que seja, quero ouvir uma gargalhada. Mas não, a classe dos telefonistas está muito bem ensinada e consegue controlar qualquer tipo de emoção que surja. O problema é que soa sempre a um certo cinismo, e lá foge a nossa boa disposição.
Se continuamos com o jogo o resultado é sempre o mesmo. Qualquer abordagem à nossa pessoa é precedida de “senhor” e terminada com algo do género “disponha sempre”. É tudo menos natural!
É claro que temos sempre o lado oposto. Se ligarem para a Yorn tratam-nos por tu, com uma falsa tentativa de jovializar a nossa pessoa. Dêem-lhes mais uns tempos e acabam por nos tratar por bacanos e bacanas. Afinal de contas, até já têm o “Yorn 100 Cheta”!